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Síria: presidente interino anuncia cessar-fogo imediato na região de Sueida

O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, anunciou neste sábado (19) um cessar-fogo "imediato" na região de Sueida, no sul do país. Com mediação dos Estados Unidos, Síria e Israel concordaram, na sexta-feira (18), em cessar os confrontos entre tribos locais e combatentes drusos, que já deixaram mais de 700 mortos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

19 jul 2025 - 08h08
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O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, anunciou neste sábado (19) um cessar-fogo "imediato" na região de Sueida, no sul do país. Com mediação dos Estados Unidos, Síria e Israel concordaram, na sexta-feira (18), em cessar os confrontos entre tribos locais e combatentes drusos, que já deixaram mais de 700 mortos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Combatentes beduínos em uma caminhonete chegam à vila de al-Dour, nos arredores da cidade de Sueida, durante confrontos entre os clãs beduínos e as milícias drusas, no sul da Síria, sexta-feira, 18 de julho de 2025.
Combatentes beduínos em uma caminhonete chegam à vila de al-Dour, nos arredores da cidade de Sueida, durante confrontos entre os clãs beduínos e as milícias drusas, no sul da Síria, sexta-feira, 18 de julho de 2025.
Foto: AP - Ghaith Alsayed / RFI

As agressões continuaram esta manhã, após a chegada de grupos sunitas para apoiar as tribos beduínas contra os drusos, uma comunidade originária do Islã xiita. A presidência síria enviou uma "força especial" à região na tentativa de pôr fim ao conflito em Sueida.

Em um discurso na televisão, o presidente interino disse que o Estado sírio está "comprometido em proteger todas as minorias" e condenou "os crimes cometidos em Sueida". 

O anúncio do acordo entre o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, foi feito pelo enviado dos Estados Unidos para a Síria, Tom Barrack.

Desde o domingo (13), confrontos na cidade de Sueida, reduto da minoria drusa, e em seus arredores fizeram centenas de mortos. Autoridades sírias haviam retirado as tropas da região ontem, depois que Israel, contrário à presença do Exército sírio em sua fronteira, bombardeou Damasco e outros alvos no país.

"Convocamos os drusos, beduínos e sunitas a deporem as armas e, juntamente com as outras minorias, construir uma identidade síria nova e unida na paz e prosperidade com seus vizinhos", publicou Tom Barrack no X.

Segundo um correspondente da AFP, cerca de 200 combatentes de tribos árabes sunitas trocaram disparos de armas automáticas e projéteis na noite passada com grupos drusos posicionados em Sueida.

Perto do povoado de Walgha, o líder tribal Anas al-Enad disse que viajou com seus combatentes da região central de Hama "para responder aos pedidos de ajuda dos beduínos". Nessa localidade drusa, controlada agora por forças tribais e beduínas, um correspondente da AFP viu casas, lojas e carros incendiados.

Síria quer evitar uma "guerra aberta" com Israel

O presidente interino Ahmad al-Sharaa havia dito ontem que a retirada de suas tropas de Sueida buscava evitar uma "guerra aberta" com Israel, que bombardeou alvos do governo nessa província meridional e em Damasco, alegando que buscava defender os drusos, minoria presente em Israel e nas Colinas de Golã sírias, ocupadas pelos israelenses desde 1967.

Mobilizadas na região na terça-feira (15), as forças do governo foram acusadas por grupos drusos e testemunhas de apoiar os beduínos e executar civis em Sueida.

Com o cessar-fogo, os drusos ficaram com a responsabilidade de manter a segurança na região. Mas a presidência síria os acusou de violar esse pacto. Os confrontos ilustram um dos principais desafios do novo governo sírio, que prometeu proteger as minorias do país, mas os incidentes recentes e a matança de seguidores alauítas, meses atrás, colocam em xeque esse compromisso.

Situação humanitária preocupa

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) manifestou preocupação com "a deterioração rápida da situação humanitária" na região de Sueida, "As pessoas estão sem nada. Os hospitais têm cada vez mais dificuldade de atender os feridos e doentes", disse Stephan Sakalian, chefe da delegação do CICV na Síria.

"Não temos água ou eletricidade e estamos começando a ficar sem medicamentos", contou Rouba, uma funcionária do hospital público de Sueida. O centro de saúde, o único que segue funcionando, recebeu "mais de 400 corpos desde a manhã de segunda-feira (14)", disse o médico Omar Obeid.

A cidade enfrenta escassez de água e energia elétrica, e as comunicações estão cortadas. "A situação é catastrófica, não resta nem fórmula para os bebês", lamentou o editor-chefe do portal de notícias Suwayda 24, Rayan Maaruf.

Na sexta-feira, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu uma investigação rápida sobre a violência na Síria. "O derramamento de sangue e a violência devem cessar, e a proteção de todas as pessoas deve ser a prioridade absoluta. Esperamos investigações independentes, rápidas e transparentes sobre todas as violações, e os responsáveis devem prestar contas", afirmou Türk.

De acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), cerca de 80 mil pessoas foram deslocadas pelos confrontos. A comunidade drusa da Síria, com uma grande concentração em Sueida, reunia cerca de 700 mil pessoas antes do começo da guerra civil, em 2011.

(Com AFP)

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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