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Criatividade não é o oposto da tecnologia, mas complemento

A formação integral de crianças e jovens deste século exige criatividade e habilidades artísticas, essenciais para um futuro significativo

18 jul 2025 - 04h59
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Foto: Gerada por IA (ChatGPT)

Em um mundo cada vez mais conectado, e muitas vezes sobrecarregado de estímulos digitais, cresce o debate sobre a importância de uma formação verdadeiramente integral para crianças e jovens. Nessa coluna, inclusive, já abordei muitas vezes a importância das competências digitais para que seja possível eleger “como” e “quando” a tecnologia tem espaço no processo de ensino e aprendizagem. Mas há outras habilidades igualmente urgentes no século 21: criatividade, abstração, capacidade de concentração e persistência. Essas competências são, muitas vezes, tratadas como “soft skills”, mas não há nada de suave na sua importância.

A própria OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), ao avaliar a capacidade dos estudantes de gerar ideias originais e soluções inovadoras, revelou que, embora 87,4% dos estudantes brasileiros digam gostar de aprender coisas novas, dado acima da média internacional, 54,3% ficaram em níveis em que costumam ter ideias de temas óbvios e um engajamento mínimo com tarefas. Ou seja, há entusiasmo, mas falta preparo – e isso revela um desafio profundo. Nesse contexto, as artes desempenham um papel fundamental. Elas não são um “acessório” da educação, mas sim um eixo estruturante da formação humana.

Imaginemos uma escola tradicional. É provável que nos lembremos da banda formada nas aulas de música, das exposições de telas nos corredores, das peças de teatro, das danças de fim de ano e até das visitas a museus e centros culturais da cidade. Essas experiências constroem repertório, despertam sensibilidade e desenvolvem, de forma intencional, habilidades para a vida e para o trabalho.

A criatividade, alicerce das disciplinas artísticas, permite que os alunos explorem diferentes perspectivas, desenvolvam empatia e criem soluções originais para desafios complexos. Profissionais de áreas como design, inteligência artificial, engenharia biomédica e desenvolvimento de jogos precisam tanto da lógica matemática quanto da estética, da comunicação visual e da capacidade de imaginar o que ainda não existe.

Essa interdependência entre técnica e criatividade é reforçada pelo relatório “Futuro do Trabalho”, realizado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral. O estudo mostra, claramente, que as habilidades necessárias para encarar os desafios dos próximos anos exigem pensamento analítico (69%), resiliência, flexibilidade e agilidade (67%), liderança e influência social (61%) e pensamento criativo (57%). Esse viés mais humanizado é, de fato, essencial para as próximas gerações.

Integrar as artes à formação das crianças e jovens não é apenas uma escolha pedagógica, mas um compromisso com a formação de indivíduos completos, preparados para atuar de maneira significativa na sociedade. E, para que isso se concretize, é fundamental investir na formação dos professores. É preciso capacitá-los para que utilizem as ferramentas digitais de forma integrada, transitando com mais naturalidade entre exatas e humanas.

Metodologias ativas e uma infraestrutura tecnológica adequada tornam o ensino mais dinâmico, inclusivo e engajador — e são aliadas poderosas na redução das desigualdades educacionais e, futuramente, no mercado de trabalho. Em tempos de hiper conexão, as artes nos lembram de algo essencial: não basta formar pessoas conectadas, precisamos formar pessoas completas.

Lia Glaz Diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo. Formada em Administração Pública pela FGV-EAESP e com mestrado na área de Desenvolvimento Econômico e Político pela SIPA-Columbia University. Na Fundação Telefônica Vivo, já liderou a área de Educação, promovendo iniciativas inovadoras e o uso de tecnologia para apoiar o desenvolvimento de crianças e jovens. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra.
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